sexta-feira, março 25, 2011

paralelas 2

pelas janelas não vejo nada.
o sol e as estrelas não parecem verdadeiras
as videiras -- caso existissem -- não as veria
(ficariam aqui preenchendo o vazio de uma frase sem perspectiva)

nas janelas, embaixo, há loucos
livres -- mais livres -- com suas bocas sujas e seus sexos à mostra

sob as janelas, óbvio, há um quê de liberdade latina,
mentirosa, um pastiche, triste, risonha e desdentada
de cuja mistura eu entendo, qual monstros marinhos em dias santos

sobre as janelas, o quadrado... as grades talvez borboletas, talvez ferro.

não quero chamar tereza
-- não quero chamar ninguém.

queria não fabricar janelas, não ver dias nublados, chuvosos
-- dior do meu dentro.
queria até mesmo não ter sua visão, afinal ela não existe. mas não é quimera.
é invenção. bênção de prédica mal pedida, quem sabe luxúrias de vaga-lumes trocadas por postes de luzes azuis.

verdade! agora sei da mentira das janelas.
morte às terezas!

paralelas

é generoso o teu olhar,
o riso de sempre.
mas quando espero q o medo saia, vc vende a conversa: troca-a pela acusação

ou seja, ação -- os desenhos sem herois, sem sinais
os medrosos q se furtam, lôgo "não consegui"

-- reaja. beije a lona, mas não perca por nocaute
garanta seus pontos na cara
golpeie o sereno quando vier
faça do moto-boy seu sparring

pois é genioso teu falar
e meus ouvidos -- em qquer lugar -- puxa o verbo
mas quando peço para tirar tua saia
vc muda e desconversa: deixe-me só

prefiro esse nó -- de crumb, de satanás,
dos traidores q se curvam, dizendo "não corrigi"

tragar, inalar, solfejar rouco.
os canibais estão me beijando, e
bebo o suco de minha própria língua
ingênua (?), sangrenta, numa liquidação 50% off de um xópin center