tip top

admiro os corpos de quem pratica dança, sobretudo dança contemporânea. a silhueta, o próprio preparo físico, como comumente dizemos. mas estava pesamentando o q seriam corpos bonitos, se eles prescindem de um padrão etc.. nossos corpos são talhados de defeitos e recorremos às várias formas de aperfeiçoá-los através de práticas mil. do zen ao aeróbico; do espiritual às dietas milagrosas, passando pelas anfetaminas q corroem o corpo e o espírito. temos espelhos e geralmente os seguimos. o da parede é o cruel, o outro q denuncia sempre algo fora do lugar; o espelho interno julga-nos a partir de nossos pontos de vista com relação ao outro, denunciando uma relação de explícita inveja do mundo e suas sílfides ameaças.
mas parece-nos q isso td é uma armadilha traçada por Gaudí. Àfora os problemas de saúde, as dietas e exercícios q moldam corpos e suas insanas buscas de beleza pura, não passam de quimeras, de abstrações jamais alcançadas. as bündcheanas não param de se retocar. as q não têm as medidas do padrão passam sua existência no martírio de alcançarem as primeiras, aos solavancos, entre uma torta aqui e um caruru ali.
os corpos dos dançarinos/as são daquele jeito porq o q praticam os moldam assim. o das enfermeiras terão o seu próprio formato, assim como os pedreiros geralmente são fortes -- e assim por diante. eu tmb gostaria de ter algo em mim diferente mesmo sabendo q isso vem pautado pelo outro, ou seja, vi em alguém algo q gostaria de ter em mim, seguindo com meus olhos um lago de águas turvas.
mas a vida continua... não terei o q desejo e nem prestarei meus próximos dias de vida nessa perseguição, além de ter plena certeza de q algo em mim é mais forte q minhas finíssimas canelas.
o corpo é uma dádiva, uma máquina q aguenta tranco padedéu e pede q o tratemos com carinho. colocá-lo a serviço de nossos antagonismos nos ajudam a superar o dia-a-dia e suas instabilidades de aceitação, mas não cura-o nem resgata-o de qquer mazela q porventura tenhamos.
td corpo é belo.